Os links abaixo são de trechos, relativamente curtos, do filme que Renato Slot está editando sobre o processo de trabalho no terreno:
O Jardim Ampulheta
http://www.youtube.com/watch?v=WZC4I24f_nc
Em processo 1
http://www.youtube.com/watch?v=9oUxNXu4YSk
Em processo 2
http://www.youtube.com/watch?v=GbNtQokRQrQ
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
13 - enquanto isso, dentro do museu...
o grande rascunho para o jardim ampulheta, dentro da biblioteca
o caderno vermelho (também na biblioteca)
a luneta, na entrada do museu, com o terreno ao fundo
a guarita através da luneta.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
12 - liberdade
foto: ana karina bernardes
confirmado: conviver com uma guarita é para poucos. a história se repete, agora em escala humana.
depoimento:
"Sabe, outro dia de manhã estava descendo tranquilamente pela calçada e tive realmente a impressão de visualizar uma ruína, aquele formato retangular da janelinha, a proporção ficou perfeita, parecida com as utilizadas em construções militares...no momento que percebi isso senti até a falta de um canhão por ali..."
(ana paula portugal)
quarta-feira, 29 de junho de 2011
11 - a guarita e o jardim ampulheta
a guarita
o jardim ampulheta, com a guarita ao fundo
detalhe do jardim ampulheta
sob o jardim, a urna contendo seus objetos
enquanto a guarita de desfaz em ruínas, o jardim cresce.
sob o jardim, fiz uma urna, com tijolos maciços, e dentro dela depositei 3 vasos de planta, feitos com a terra do buraco compactada; depositei também a forma que deu forma aos tijolinhos e uma camiseta suada. quero a guarita arruinada e que o jardim ampulheta permaneça, resistente, medido o tempo. acredito que o ficus, plantado no jardim, irá abraçar a urna, se não destruí-la. também plantei espadas de São Jorge, para evitar o mau olhado.
sábado, 11 de junho de 2011
Ruína - de Manoel de Barros
Um monge descabelado me disse no caminho: Eu queria construir uma ruína.
Embora eu saiba que ruína é uma desconstrução.
Minha idéia era fazer uma coisa com jeito de tapera. Alguma coisa que servisse para abrigar o abandono, como as taperas abrigam.
Porque o abandono não pode ser apenas um homem debaixo da ponte, mas pode ser também um gato no beco ou uma criança presa num cubículo.
O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo de uma palavra.
Uma palavra que esteja sem ninguém dentro. (o olho do monge estava perto de ser um canto.) Continuou: digamos a palavra AMOR... A palavra amor está quase vazia. Não tem gente dentro dela.
Queria construir uma ruína para salvar a palavra amor.
Talvez ela renascesse das ruínas, como o lírio pode nascer de um monturo.
E o monge se calou descabelado
Embora eu saiba que ruína é uma desconstrução.
Minha idéia era fazer uma coisa com jeito de tapera. Alguma coisa que servisse para abrigar o abandono, como as taperas abrigam.
Porque o abandono não pode ser apenas um homem debaixo da ponte, mas pode ser também um gato no beco ou uma criança presa num cubículo.
O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo de uma palavra.
Uma palavra que esteja sem ninguém dentro. (o olho do monge estava perto de ser um canto.) Continuou: digamos a palavra AMOR... A palavra amor está quase vazia. Não tem gente dentro dela.
Queria construir uma ruína para salvar a palavra amor.
Talvez ela renascesse das ruínas, como o lírio pode nascer de um monturo.
E o monge se calou descabelado
terça-feira, 7 de junho de 2011
domingo, 5 de junho de 2011
9 - Início da construção
foto: renato slot
cão de guarda voluntário
paredes subindo. os tijolos são assentados com lama, ou seja, terra e água. nada mais. a parede é bem fina, pois os tijolos são pequenos.
mais um sinal de fragilidade.
conforme o buraco afunda a parede sobe, vetores apontando em direções opostas.
........
quando cheguei com os tijolos havia uma família de cães vivendo no buraco. no nosso primeiro contato provaram que também são capazes de vigiar. me disseram isso latindo bem alto.
fingi não me importar e iniciei a construção das paredes.
se acalmaram e aos poucos aprendemos a conviver no mesmo terreno. levei ração: nos tornamos bons amigos.
8 - Incêndios no terreno
incêndio realizado em colaboração com C. L. Salvaro
controlar o fogo... o poder do fogo.
lancei a pedra fundamental da guarita, uma espécie de ermida.
ao redor, fogo, sinalizando presença e atividade.
se fosse um escorpião se mataria, penso.
levantando suspeita dos vizinhos, eu, que sou o dono da guarita, sinto-me vigiado.
mas o fogo é controlado... é fogo de palha.
estamos apenas desenhando.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
7 - os grandes rascunhos
o grande rascunho para a guarita
têmpera (cola com terra) e aquarela s/ papel kraft
162 x 122 cm
2011
o grande rascunho para o jardim ampulheta
têmpera (cola com terra) e aquarela s/ papel kraft
140 x 122 cm
2011
domingo, 17 de abril de 2011
quarta-feira, 30 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
5 - sobre as formas (ô) e as formas (ó)
os tijolos (formas), feitos com a terra extraída do buraco...
imagem do atelier e o desenvolvimento produtivo.
A Forma
objeto escultórico de madeira
50 x 50 cm
2011
A forma e a forma, uma dita o formato e a outra se enquadra nos moldes.
A forma não contesta a forma.
Até mesmo a palavra forma atende aos dois significados simultaneamente.
Só muda a fonética.
Mas nem a forma se suporta. Depois de moldada a forma, a forma se desmonta, assumindo outra forma.
...
às formas que dê formas. as formas que deformas...
as formas deformam de várias formas.
formas deformadas.
...
quinta-feira, 24 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
4 - Vasos de terra
imagens do atelier - vasos de planta feitos com terra compactada
Um projeto artístico está a desenrolar-se agora naquele terreno. Em breve (ou nem tanto), um projeto arquitetônico irá tomar seu lugar no mesmo terreno. Resolvi então fabricar estes vasos de terra para neles plantar e com as espécies plantadas medir o tempo entre os dois acontecimentos. Pode ser que até lá, no dia em que começarem a construir no terreno, nem mesmo a arqueologia seja capaz de desenterrar tudo o que o tempo consumiu. Mas quando não houver mais ruína alguma sobre aquele sítio, haverá plantas, talvez árvores, capazes de contar esta história.
...
um vaso de planta é a miniatura de um terreno; talvez uma ilha.
3 - A Guarita
imagem do atelier
teste de compactação de terra - miniatura da guariata em taipa de pilão
Certa vez, ao caminhar pelo bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, deparei-me com uma guarita de segurança que parecia estar abandonada. Comecei então a pensar nesta função anulada pela condição da própria Guarita. Estando abandonada, ela estava então fadada à ruína. Uma guarita em ruínas aponta na direção do caos...vigilância, controle e proteção virando pó!
Desta reflexão surgiu a idéia de construir uma guarita de barro, para que fosse mais rapidamente consumida pelo tempo.
Transportei toda a terra resultante da minha primeira investida contra aquele terreno para o atelier. Iniciei as experiências com a terra no intuito de criar com elas paredes. Depois de alguns testes, cheguei à conclusão que construir uma guarita de adobe poderia representar melhor todo aquele período de investigação e trabalho; um todo composto de pequenas partes. Uma guarita de taipa de pilão não representaria tão bem a passagem do tempo, já que seriam maciças as paredes.
Estava decidido - a guarita seria construída com adobes feitos com minhas próprias mãos, com a terra de um buraco que eu cavei. Sendo assim o corpo desta guarita assumiria as proporções do que o meu corpo seria capaz produzir durante um intervalo de tempo.
estudo para projeto 'construindo ruínas' (miniatura)
objeto: terra compactada, mini adobe e gaveta de madeira
30 x 30 x 40 cm
2010
Encontrei esta gaveta numa esquina de BH. Me pareceu o lugar perfeito para fazer a miniatura da Guarita.
...
Até então a Guarita seria de taipa de pilão, teria um aspecto maciço. Mas neste 'estudo de gaveta' resolvi experimentar o adobe, o que é, também, uma investigação de ordem estética.
2 - O Buraco
o buraco
aquarela e têmpera s/ papel
70 x 100 cm
2010
Encantei-me pelas técnicas de construção com terra e toda poesia contida neste gesto, de retirar uma parte do solo para erguer paredes e que posteriormente voltariam a sua condição de solo...do pó ao pó!
Retirar terra do solo implica no surgimento de um buraco. Num buraco eu posso enterrar uma semente ou um caixão; o Buraco é início e é fim, um ponto no círculo.
estudo para projeto 'construindo ruínas'
aquarela e têmpera s/ papel
70 x 100 cm
2010
A terra resultante da escavação seria então compactada para a construção de uma Guarita que por sua vez seria devolvida ao Buraco pela força de um trator. Mas logo percebi que o tempo poderia ser o agente e que ruína é uma condição que só o tempo é capaz de proporcionar. Estava abolida a presença do trator.
1- A conquista do terreno
a superfície do terreno, antes de começar a escavação
Considero este um momento ímpar no processo de construção da Ruína, um verdadeiro marco zero; não extamente uma pedra, mas o buraco fundamental.
A entrada no terreno levou aproximadamente 2 meses e parecia inviável. Nunca entendi porque cavar um buraco pudesse exigir tanta burocracia e necessitar de tantas palavras desperdiçadas em projetos. Esta dúvida perdurou até a saída do Burocrata que assombrava então o Museu. Descobri que todo o processo era uma fantasia do Burocrata, quase esquizofrênica; toda burocracia serviria de barricada para que ele pudesse esconder por detrás dela sua insegurança, seus medos - uma vil tentativa de boicotar o inevitável surgimento do buraco.
A peleja durou de agosto a outubro de 2010. Em 3 de novembro iniciei as escavações.
Um dado importante é que neste terreno será construído um espaço anexo do Museu de Arte da Pampulha, projeto já aprovado cuja autoria é de Oscar Niemeyer.
Ninguém sabe ao certo quando se dará o início das obras.
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