quarta-feira, 30 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

6 - sobre o vazio




foto: C.L. Salvaro
 cavar é gerar um vazio...

5 - sobre as formas (ô) e as formas (ó)


os tijolos (formas), feitos com a terra extraída do buraco...



imagem do atelier e o desenvolvimento produtivo.

A Forma
objeto escultórico de madeira
50 x 50 cm
2011


A forma e a forma, uma dita o formato e a outra se enquadra nos moldes.
A forma não contesta a forma.
Até mesmo a palavra forma atende aos dois significados simultaneamente.
Só muda a fonética.
Mas nem a forma se suporta. Depois de moldada a forma, a forma se desmonta, assumindo outra forma.


...


às formas que dê formas. as formas que deformas...
as formas deformam de várias formas.
formas deformadas.


...

segunda-feira, 21 de março de 2011

4 - Vasos de terra


 imagens do atelier - vasos de planta feitos com terra compactada

 Um projeto artístico está a desenrolar-se agora naquele terreno. Em breve (ou nem tanto), um projeto arquitetônico irá tomar seu lugar no mesmo terreno. Resolvi então fabricar estes vasos de terra para neles plantar e com as espécies plantadas medir o tempo entre os dois acontecimentos. Pode ser que até lá, no dia em que começarem a construir no terreno, nem mesmo a arqueologia seja capaz de desenterrar tudo o que o tempo consumiu. Mas quando não houver mais ruína alguma sobre aquele sítio, haverá plantas, talvez árvores, capazes de contar esta história.
...

um vaso de planta é a miniatura de um terreno; talvez uma ilha.

3 - A Guarita


imagem do atelier
teste de compactação de terra - miniatura da guariata em taipa de pilão

Certa vez, ao caminhar pelo bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, deparei-me com uma guarita de segurança que parecia estar abandonada. Comecei então a pensar nesta função anulada pela condição da própria Guarita. Estando abandonada, ela estava então fadada à ruína. Uma guarita em ruínas aponta na direção do caos...vigilância, controle e proteção virando pó!
Desta reflexão surgiu a idéia de construir uma guarita de barro, para que fosse mais rapidamente consumida pelo tempo.

Transportei toda a terra resultante da minha primeira investida contra aquele terreno para o atelier. Iniciei as experiências com a terra no intuito de criar com elas paredes. Depois de alguns testes, cheguei à conclusão que construir uma guarita de adobe poderia representar melhor todo aquele período de investigação e trabalho; um todo composto de pequenas partes. Uma guarita de taipa de pilão não representaria tão bem a passagem do tempo, já que seriam maciças as paredes.
Estava decidido - a guarita seria construída com adobes feitos com minhas próprias mãos, com a terra de um buraco que eu cavei. Sendo assim o corpo desta guarita assumiria as proporções  do que o meu corpo seria capaz produzir durante um intervalo de tempo.





o protótipo em ruínas...



estudo para projeto 'construindo ruínas' (miniatura)
objeto: terra compactada, mini adobe e gaveta de madeira
30 x 30 x 40 cm
2010

 Encontrei esta gaveta numa esquina de BH. Me pareceu o lugar perfeito para fazer a miniatura da Guarita. 
...
Até então a Guarita seria de taipa de pilão, teria um aspecto maciço. Mas neste 'estudo de gaveta' resolvi experimentar o adobe, o que é, também, uma investigação de ordem estética.

Nem todo homem consegue conviver com uma guarita, de forma que até mesmo uma miniatura está suscetível a eventuais ataques. Este acima ocorreu em 2010, dentro do atelier. Até agora ninguém assumiu a autoria dos ataques

2 - O Buraco

o buraco
aquarela e têmpera s/ papel
70 x 100 cm
2010

Encantei-me pelas técnicas de construção com terra e toda poesia contida neste gesto, de retirar uma parte do solo para erguer paredes e que posteriormente voltariam a sua condição de solo...do pó ao pó!
Retirar terra do solo implica no surgimento de um buraco. Num buraco eu posso enterrar uma semente ou um caixão; o Buraco é início e é fim, um ponto no círculo.


estudo para projeto 'construindo ruínas'
aquarela e têmpera s/ papel
70 x 100 cm
2010

A terra resultante da escavação seria então compactada para a construção de uma Guarita que por sua vez seria devolvida ao Buraco pela força de um trator. Mas logo percebi que o tempo poderia ser o agente e que ruína é uma condição que só o tempo é capaz de proporcionar. Estava abolida a presença do trator.















o início da escavação - surge o buraco

1- A conquista do terreno



a superfície do terreno, antes de começar a escavação

Considero este um momento ímpar no processo de construção da Ruína, um verdadeiro marco zero; não extamente uma pedra, mas o buraco fundamental.
A entrada no terreno levou aproximadamente 2 meses e parecia inviável. Nunca entendi porque cavar um buraco pudesse exigir tanta burocracia e necessitar de tantas palavras desperdiçadas em projetos. Esta dúvida perdurou até a saída do Burocrata que assombrava então o Museu. Descobri que todo o processo era uma fantasia do Burocrata, quase esquizofrênica; toda burocracia serviria de barricada para que ele pudesse esconder por detrás dela sua insegurança, seus medos - uma vil tentativa de boicotar o inevitável surgimento do buraco. 
A peleja durou de agosto a outubro de 2010. Em 3 de novembro iniciei as escavações. 

Um dado importante é que neste terreno será construído um espaço anexo do Museu de Arte da Pampulha, projeto já aprovado cuja autoria é de Oscar Niemeyer. 
Ninguém sabe ao certo quando se dará o início das obras.